Reformulação de Alimentos

Alteração de nutrientes não garante alimentos saudáveis 

Modificações como adição, redução e exclusão de nutrientes isolados não são suficientes para afirmar que um produto ultraprocessado é nutricionalmente adequado. Reformular a composição do produto pode exigir a inclusão de outros ingredientes, como substâncias alimentícias e aditivos alimentares, para garantir o mesmo sabor e textura com baixo custo.

O que defendemos

Reformular produtos ultraprocessados não é a solução para uma alimentação saudável. É preciso priorizar o consumo de alimentos in natura e minimamente processados e a regulação de produtos ultraprocessados, que deve ser feita por meio de medidas regulatórias.

O que é importante saber sobre o assunto

  • A modificação de nutrientes isolados não torna um produto ultraprocessado nutricionalmente adequado.
  • Ao retirar um ingrediente, outro será adicionado, o que pode ocasionar um aumento de substâncias alimentícias e aditivos alimentares.
  • Apesar de a indústria modificar seus produtos desde 1970, os ultraprocessados ainda estão relacionados com condições de saúde como obesidade, diabetes e doenças do coração.
  • A fortificação de nutrientes não proporciona o mesmo efeito benéfico de consumir um alimento que os contém naturalmente em sua composição.
  • Medidas regulatórias são comprovadamente mais eficazes do que medidas voluntárias ou acordos de autorregulação, que é o que acontece no Brasil com a reformulação de alimentos pela indústria.

Linha do Tempo

O Ministério da Saúde e a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) firmaram um acordo que prevê a eliminação, até 2010, da gordura trans nos alimentos industrializados no País

Acordo prevê eliminação de gorduras trans até 2010 | Estadão

O Ministério da Saúde assina Termo de Compromisso (004/2011) que estabelece as metas nacionais para a redução do teor de sódio presente no macarrão instantâneo, pão de forma e bisnaguinha no Brasil.

O Ministério da Saúde assina Termo de Compromisso (035/2011) que estabelece as metas nacionais para a redução do teor de sódio presente no bolo pronto (com e sem recheio), rocambole, mistura para bolo (aerado e cremoso), salgadinho de milho, batata frita/palha, maionese e biscoitos (doce, salgado e recheado) no Brasil.

O Ministério da Saúde assina Termo de Compromisso que estabelece as metas nacionais para a redução do teor de sódio presente no cereal matinal, margarina vegetal, caldo líquido e em gel, caldo em pó e em cubo, tempero em pasta, tempero para arroz e demais temperos no Brasil.

O Ministério da Saúde assina Termo de Compromisso que estabelece as metas nacionais para a redução do teor de sódio presente no queijo mussarela e requeijão no Brasil.

O Ministério da Saúde assina Termo de Compromisso que estabelece as metas nacionais para a redução do teor de sódio presente no Brasil.

O Ministério da Saúde anunciou a assinatura de um acordo voluntário com a indústria de alimentos que prevê a redução do açúcar na formulação de alimentos ultraprocessados no país até 2022

Acordo voluntário é pouco eficaz no combate ao açúcar | Idec

Esclarecendo argumentos utilizados pela indústria

O que a indústria te conta
Qual a verdade?
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Produtos “menos açúcar”, “livre de açúcares”, “sem adição de açúcar”
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Apesar de mencionar a redução de açúcar, não informa se houve ou não a adição de adoçantes na lista de ingredientes. Os estudos sobre os efeitos dos adoçantes na saúde não são completamente conclusivos, porém existem evidências que mostram maior risco cardiometabólico, de obesidade e de diabetes tipo 2. O consumo habitual de sabores doces, sejam eles provenientes de açúcares ou não, também promove uma preferência e maior ingestão de alimentos e bebidas doces.

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Produtos “menos sódio”
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Apesar de alegar a redução de sódio, não destaca a informação sobre se houve ou não a inclusão de outros aditivos alimentares na lista de ingredientes, o que normalmente acontece quando um nutriente é reduzido ou excluído da formulação.

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Produto “rico em fibras”, “fonte de vitaminas”, “com ômega 3”, “com lactobacilos vivos”, “fonte de proteínas”
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O foco na adição de nutrientes benéficos oculta os impactos à saúde causados pelos outros ingredientes e o tipo de processamento que passam os ultraprocessados, que não deixam de ser prejudiciais à saúde pela inclusão de um nutriente ou ingrediente supostamente benéfico.

O que está acontecendo

Acordo voluntário

Redução do açúcar na formulação de ultraprocessados

O Ministério da Saúde anunciou a assinatura de um acordo voluntário com a indústria de alimentos que prevê a redução do açúcar na formulação de alimentos ultraprocessados no país até 2022.

Comentário do Idec:

“Na prática, apenas o excesso do excesso do açúcar vai ser eliminado de algumas marcas que nem sabemos o quanto representam no mercado. Na verdade, a maior parte dos produtos já tem menos açúcar do que a meta estabelecida pelo acordo”. “Ou seja, os benefícios serão muito modestos e não vão contribuir para uma mudança de hábitos efetiva, se trata apenas de uma redução de danos.” diz Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Idec.

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Acordo

Acordo para reformular a quantidade de sódio nos produtos processados e ultraprocessados foi renovado

Em 2017 o Ministro da Saúde, Ricardo Barros, e a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia) renovaram o acordo para reformular a quantidade de sódio nos produtos processados e ultraprocessados.

Comentário do Idec:

“Não existe punição prevista caso alguma parte do acordo não seja cumprida, uma vez que as decisões são feitas pela própria indústria”, afirma Ana Paula Bortoletto. 

“A alimentação não trata apenas dos nutrientes, mas sim dos alimentos que os contêm. Assim, na hora de nos alimentarmos, devemos ter em mente a importância das escolhas saudáveis”, comenta a nutricionista e pesquisadora do Idec Laís Amaral.

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