Rede de Saúde e Clima, com apoio do Idec, divulga soluções climáticas e sanitárias para a COP26

Conjunto de posicionamentos internacionais, que serão apresentados na ONU, mapeia recomendações para sistemas alimentares, de saúde, transporte e energia mais saudáveis

por Alan Azevedo

A crise do clima é, também, uma crise sanitária, com consequências profundas e irreversíveis não apenas no meio ambiente, mas na saúde das pessoas. A Rede de Saúde e Clima (HCN, em inglês), da qual o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) faz parte, produziu um conjunto de soluções para estas crises globais, que são interligadas e compartilham muitas das mesmas causas e respostas.

São quatro posicionamentos que exploram, a partir de evidências científicas, caminhos para sistemas alimentares, de saúde, transporte e energia mais saudáveis e resilientes ao clima, ou seja, que sofram e causem menos impactos às mudanças climáticas. As recomendações serão apresentadas na Conferência de Mudanças Climáticas da ONU (COP26), que acontece entre 31 de outubro e 12 novembro em Glasgow, na Escócia.

“Mostraremos evidências sobre as conexões entre o clima e a saúde humana, com soluções claras que governos do mundo inteiro devem adotar em conjunto para mitigar a crise climática e sanitária, incluindo doenças não transmissíveis que causam mais de 70% das mortes globais”, afirma Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec. 

Alimentação e mudanças climáticas

Os sistemas alimentares atuais, incluindo a produção, processamento, transporte, comercialização e consumo de alimentos, estão levando a uma alimentação pobre, impactando a saúde das pessoas e prejudicando o meio ambiente e a economia global –  situação que se agravou ainda mais com a pandemia de covid-19.

No dia 2 de novembro, como parte da agenda da COP26, o Idec participará do evento “Global Food 2050: Como podemos garantir padrões alimentares que sejam climaticamente resilientes, sustentáveis e saudáveis no futuro?” para propor e construir coletivamente soluções para este cenário. 

Os sistemas alimentares atualmente produzem entre 20 e 35% das emissões mundiais de gases de efeito estufa. Em paralelo, a alimentação não saudável está causando impactos na saúde em todos os países e agora é a principal causa de doenças não transmissíveis, como obesidade, ataque cardíaco, derrame e diabetes, em todo o mundo. O estudo da HCN estima que a desnutrição e obesidade podem custar à sociedade até US$ 3,5 trilhões por ano.

“Transformar sistemas alimentares para que não agravem a crise climática promoverá uma alimentação mais saudável e reduzirá significativamente as mortes prematuras em todo o mundo, conforme recomenda a Comunidade de Prática da América Latina e Caribe sobre Nutrição e Saúde (Colansa), da qual o Idec faz parte, em manifesto sobre a urgência de Sistemas Alimentares saudáveis e sustentáveis”, pontua Ana Paula. 

Acesse aqui o briefing Alimentação e Sistemas Alimentares para a Saúde, o Clima e o Planeta.

Energia para o futuro

A queima de combustíveis fósseis – petróleo, gás e carvão – na produção de energia é a principal causa das mudanças climáticas e um dos maiores riscos mundiais à saúde.

O sistema de energia é a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa, responsável por quase três quartos das emissões globais. A combustão de combustíveis fósseis é de longe a maior fonte de poluição do ar prejudicial à saúde, causando cerca de um quarto das mortes de adultos por acidente vascular cerebral e doenças cardíacas, um terço de câncer de pulmão e dois quintos de doença pulmonar obstrutiva crônica.

Para a HCN, é preciso fornecer energia renovável sem carbono a todos que dela precisam com o objetivo de melhorar dramaticamente o clima, a saúde humana e a economia.

Acesse aqui o briefing Sistemas de Energia que Protegem o Clima e a Saúde.

Repensando o setor de transportes

Ao passo que desempenham um papel fundamental na sociedade, os sistemas de transporte atuais contribuem para a poluição do ar, lesões e mortes no trânsito, inatividade física e exclusão socioeconômica.

O setor é responsável por 24% das emissões diretas de dióxido de carbono (CO2) do uso de combustível fóssil, enquanto os veículos rodoviários são responsáveis por quase três quartos das emissões de CO2 dos transportes.

A remodelação da mobilidade com foco nas pessoas e na saúde reduzirá drasticamente esses riscos, ao mesmo tempo que aumenta o acesso a transporte conveniente e acessível e protege o clima.

Acesse aqui o briefing Sistemas de Transporte que Protegem a Saúde e o Clima.

Quero mais saúde

O aquecimento global gera uma série de impactos na saúde em todo o mundo, incluindo desnutrição, doenças infecciosas, estresse por calor, trauma direto e doença mental. Como se o quadro já não fosse desafiador, com o enfrentamento à pandemia de covid-19, os sistemas de saúde estão atualmente ainda mais sobrecarregados.

O setor de saúde é responsável por 4,4% das emissões globais de gases de efeito estufa. A grande maioria deles vem da combustão de combustíveis fósseis e de países de alta renda. Se a saúde global fosse um país, seria o quinto maior poluidor do clima do planeta.

Sistemas de saúde sustentáveis e resilientes são necessários para prestar atendimento e pronta resposta quando e onde for necessário em cenários instáveis, sem causar mais danos ao meio ambiente.

Acesse aqui o briefing Sistemas de Saúde Sustentáveis e Resilientes ao Clima.

Sobre a Rede de Saúde e Clima

A Health and Climate Network, como é chamada em inglês a Rede de Saúde e Clima, é uma aliança de organizações, incluindo o Wellcome Trust, que trabalha para garantir resultados positivos para a saúde em meio às respostas para a crise climática. A HCN defende soluções de políticas baseadas em evidências para a crise climática que salvam vidas e melhoram a saúde global.

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