Qual é o melhor modelo de perfil nutricional para o novo modelo de rotulagem frontal do Brasil?
Muito se tem discutido sobre a adoção da rotulagem nutricional frontal e qual é o melhor modelo para informar os consumidores sobre as altas quantidades de nutrientes que podem levar ao excesso de peso e a doenças crônicas como as do coração e diabetes. Porém, como se definem os critérios para que determinado produto receba ou não a rotulagem frontal? Esse estudo comparou três dos modelos de perfil nutricional mais relevantes para o Brasil. Veja o que foi descoberto.
Pesquisadores
Instituições
Publicação
Existe um consenso de que medidas como a rotulagem frontal são necessárias para informar as pessoas sobre a composição nutricional dos alimentos que elas estão consumindo e, dessa forma, reduzir a incidência de DCNTs (doenças crônicas não transmissíveis), como as do coração, diabetes e até cânceres. O Brasil, desde 2014, discute a implementação de rótulos frontais, porém há diversos modelos de perfil nutricional que definem os critérios para que determinado produto receba ou não a rotulagem frontal. Para entender qual seria o mais adequado para o Brasil, esse estudo fez um levantamento de 11.434 alimentos embalados encontrados nas cinco maiores redes varejistas do Brasil e verificou como seriam rotulados de acordo com três modelos de perfil nutricional diferentes: o da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), o da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o utilizado no Chile, país em que a rotulagem nutricional frontal foi implementada em 2016.
Metodologia
Foram aplicados os modelos de perfil nutricional da Opas, da Anvisa e do Chile
Os pesquisadores registraram 13 mil produtos encontrados nas cinco principais redes de supermercados do Brasil, dos quais 11.434 alimentos foram efetivamente analisados. Por meio de análises de composição nutricional, os pesquisadores buscaram entender se esses produtos receberiam rotulagem nutricional frontal de acordo com os critérios estabelecidos pelos três modelos de perfil nutricional considerados relevantes para o contexto brasileiro. A proporção de alimentos que deveria receber os alertas foi calculada no geral e também por categoria de produtos.
-
11.434
Alimentos analisados
Conclusão
Modelo de perfil nutricional da Opas é o mais eficaz
O estudo mostrou que o perfil nutricional mais eficaz para ajudar os consumidores a identificarem alimentos altos em nutrientes críticos é o proposto pela Opas, modelo segundo o qual 62% dos produtos embalados analisados deveriam receber rotulagem nutricional frontal. Esse mesmo número seria de 45% de acordo com a proposta da Anvisa e 41% se fosse seguido o perfil chileno. De forma geral, há um consenso entre os três modelos em mais de 80% dos alimentos analisados, porém em algumas categorias essa porcentagem é menor. O modelo proposto pela Opas é capaz de identificar mais alimentos altos em nutrientes críticos entre determinados tipos de produtos, como bebidas (lácteas ou não) altas em açúcar, vegetais enlatados e produtos de conveniência altos em sódio, alimentos para os quais houve maior diferença na identificação entre os modelos. Esse dado é especialmente relevante considerando que bebidas açucaradas representam 49% do consumo de açúcares adicionados no Brasil e são consumidas por um terço das crianças com menos de dois anos no país.
-
62%
Dos produtos embalados analisados receberiam rotulagem nutricional frontal com a adoção desse modelo
Artigo Científico
Materiais de apoio
Leis e projetos para se inspirar
Casos inspiradores
-
Rotulagem nutricional frontal no Chile (em espanhol)
Os produtos processados e ultraprocessados disponíveis nas prateleiras dos supermercados chilenos passam a exibir alertas na forma de um octógono preto na parte da frente das embalagens que sinalizam quantidades excessivas de nutrientes prejudiciais para a saúde, como sódio, açúcar e gordura. Pesquisas realizadas com a população, após a aplicação da lei, comprovam a eficiência da norma.
-
Rotulagem nutricional frontal no Uruguai (em espanhol)
A partir de um decreto assinado pelo presidente do país, alimentos com quantidades excessivas de sódio, açúcar, gorduras e gorduras saturadas devem apresentar um octógono de advertência nas cores branca e preta. O Uruguai é o primeiro país do Mercosul e terceiro das Américas a implementar o rótulo frontal de advertências, que também está sendo aplicado para regular os alimentos em escolas e compras governamentais.
-
Rotulagem nutricional frontal no Peru (em espanhol)
O Manual de advertências publicitárias do Peru prevê a rotulagem nutricional frontal de produtos que tenham uma quantidade excessiva de sódio, açúcar e gordura saturada. O governo optou por um modelo igual ao dos chilenos, com a colocação de octógonos pretos na parte superior direita das embalagens.
-
Rotulagem nutricional frontal no México (em espanhol)
Em março de 2020, o Governo Mexicano publicou nova Norma de Rotulagem com advertências. A norma é considerada a avançada do mundo, seguindo critérios da Organização Pan-Americana de Saúde .
Fale com a gente
Tem alguma dúvida, sugestão, crítica ou quer ajudar a aumentar o debate sobre alimentação saudável e adequada no cenário público? Mande um e-mail para contato@alimentandopoliticas.org.br ou preencha o formulário da página de contato.
Receba as novidade sempre em primeira mão. Assine nossa newsletter
Leia mais pesquisas sobre Rotulagem de alimentos
Descubra outros temas
-
Alimentação saudável de verdade
Descubra como melhorar a alimentação da população de seu município, estado ou País -
Ambiente alimentar
Entenda como os ambientes físico, social, econômico, cultural e político influenciam os hábitos alimentares dos brasileiros -
Conflito de interesses
Descubra como as políticas públicas podem ser influenciadas por interesses privados e como evitar isso -
Preço de alimentos
Entenda como medidas fiscais afetam diretamente o consumo de alimentos saudáveis e não saudáveis -
Publicidade de alimentos
Saiba como a publicidade pode influenciar negativamente as escolhas alimentares, principalmente de crianças -
Sistemas Alimentares
Modelos saudáveis de produção, distribuição e consumo de alimentos combatem a obesidade, a fome e as mudanças climáticas.