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Quais alimentos as periferias brasileiras consomem?

Em 2014, o Ministério da Saúde publicou o Guia Alimentar para a População Brasileira, que traz como regra de ouro: sempre prefira alimentos frescos e minimamente processados a produtos ultraprocessados. Pode parecer uma tarefa simples, mas para boa parte da população não é. Uma pesquisa realizada em Jundiaí, município do interior de São Paulo, mostrou que esse pode ser um dos maiores obstáculos para uma alimentação saudável. Confira.

Pesquisadores
Dra. Camila Aparecida Borges, Me. William Cabral-Miranda e Dra. Patricia Constante Jaime
Instituições
Publicação
Dezembro de 2018

Para algumas pessoas, muito mais do que informação sobre o que estão comendo, o que falta é acesso facilitado a alimentos in natura e minimamente processados, ou seja, produtos que são mais frescos ou que sofreram poucas alterações após serem retirados da natureza. Um estudo realizado em Jundiaí, município do interior de São Paulo, revela que esta é a realidade das periferias, locais onde a população está especialmente vulnerável a problemas de saúde como obesidade, hipertensão e diabetes. Existem alguns motivos para isso. Um deles é a dificuldade de a população dessa região encontrar locais que vendem alimentos saudáveis ou que os comercialize a preços baixos. Outro motivo, é a facilidade de encontrar comércios que vendem alimentos industrializados – os chamados processados ou ultraprocessados -, como as redes de fast food e lojas de conveniência, a preços atraentes para os consumidores.

Metodologia

650 comércios analisados

Entre dezembro de 2017 e abril de 2018, os pesquisadores analisaram 650 comércios que vendem alimentos no município de Jundiaí. Os locais foram classificados em 13 categorias, de acordo com os tipos de produtos disponíveis para venda: alimentos in natura ou minimamente processados, ingredientes culinários processados, alimentos processados e ultraprocessados. Também foi levantado se os estabelecimentos tinham gôndolas com alimentos ultraprocessados no caixa, a disponibilidade de vegetais na entrada e qual tipo de alimento era predominante no estabelecimento. Essas informações foram cruzadas com dados geográficos e socioeconômicos da população de cada região do município.

Conclusão

A pesquisa revelou que locais que comercializam principalmente alimentos não processados e que colocam frutas e legumes já na entrada têm maior abundância de alimentos saudáveis. Mas a quantidade desses comércios é baixa, se comparada a estabelecimentos que priorizam ultraprocessados ou que disponibilizam esse tipo de alimentos perto dos caixas. O número de estabelecimentos que priorizam a venda desse último produto é 5,6 vezes maior que o número que vende, primariamente, alimentos in natura. Esse número salta para 22 vezes mais comércios que vendem principalmente ultraprocessados quando são analisadas regiões de média e baixa renda. Nessas áreas, é possível até mesmo verificar locais em que não existem estabelecimentos que vendem alimentos saudáveis e frescos, somente produtos de outros tipos.

  • 87%

    dos estabelecimentos vendem ultraprocessados.
  • Nas periferias

    há 22 vezes mais estabelecimentos vendendo produtos ultraprocessados do que alimentos in natura

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